Com o mundo mergulhado numa transformação digital sem precedentes, a conversão de ativos físicos em ativos digitais, de forma descentralizada, é uma etapa inevitável. Nesse sentido, o processo de tokenização é uma das alternativas mais populares, onde o ativo físico recebe um certificado digital que pode ser convertido em valor financeiro. A tecnologia blockchain é uma das aceleradoras do processo de tokenização, pois, por não depender de um sistema central, entrega mais agilidade e liquidez nas transações. Por outro lado, há um grande desafio em termos de regulamentação e garantias na compra e na venda de tokens ligados a bens tangíveis, como imóveis, que estão vinculados a órgãos reguladores. Neste post, vamos entender o que é tokenização, quais são os seus benefícios e o passo a passo para a sua criação. Confira!

O que é a tokenização?

Podemos definir a tokenização como o processo de conversão de um ativo em token — que, na tradução literal para português, pode significar “símbolo” ou “ficha”. Vamos a um exemplo: nos antigos Arcades, ou Fliperamas, o jogador tinha que inserir uma ficha.  Essa ficha era um token, ou seja, a representação de um ativo que podia ser convertido em dinheiro ou em um crédito virtual no jogo. Em vez de comprar um fliperama e o seu jogo para tê-los em casa, o jogador podia comprar uma pequena fração de tempo para utilizá-lo.

Como a tokenização funciona na prática?

Nos últimos anos, com a evolução do blockchain, a tokenização ganhou espaço no mundo corporativo. Afinal, a partir dessa tecnologia, é possível representar um ativo digital e bens tangíveis.  O blockchain possibilita a criação de contratos inteligentes, protegidos por criptografia de ponta a ponta. Todas as informações ficam registradas e o seu processo de validação é público — pode ser conferido por todos os participantes —, favorecendo a transparência e a redução de fraudes. A partir do momento em que os dados são inseridos no blockchain, não poderão ser modificados, dando mais segurança para quem deseja tokenizar ativos inteiros ou fracionados. Com a tokenização, é viável, por exemplo, transformar um imóvel de R$ 5 milhões em 25 mil tokens de R$ 200. Isso democratiza a capacidade de investimento e desburocratiza a captação de recursos.  O investidor pode se tornar dono de uma fração de um imóvel, recebendo os seus rendimentos, podendo vendê-la após a valorização e também sendo responsável por parte dos seus custos, como o IPTU. Isso vale para qualquer ativo que tenha algum valor monetário e que possa ser negociado, seja no mundo físico, seja no virtual. As NFTs, por exemplo, são ativos que nascem digitalmente e que podem ser negociados sem vínculo com o mundo físico.

Quais são os benefícios da tokenização para as empresas?

A tokenização pode ser utilizada pelas empresas como forma de atrair investidores, permitindo a capitalização descentralizada, sem a entrada no mercado de ações. Veja abaixo quais são os principais benefícios que esse processo pode trazer para as organizações e para os investidores.

Maior diversificação

Por meio da tokenização de ativos, abre-se uma série de oportunidades para que a empresa diversifique os seus ativos e investimentos. Além dos modelos tradicionais, como títulos, ações e commodities, é possível tokenizar ativos não tangíveis, como propriedade intelectual, projetos, protótipos, uma ideia e o que mais possa ser conversível em valor monetário. 

Menos burocracia

Com as pessoas conectadas 24 horas em seus smartphones, manter-se preso a métodos antigos de investimento e suas burocracias pode fechar as portas para uma série de oportunidades.  A tokenização facilita o acesso para que os pequenos investidores coloquem os seus recursos em ativos de alta performance — o que antes só era possível para empresas e grandes investidores. A possibilidade de seccionar esses ativos em pedaços menores, tornando o custo inicial mais baixo, é um dos impulsionadores dessa democratização.

Maior liquidez dos ativos

A tokenização ampliou o acesso, tornando os ativos que eram restritos a poucos em produtos que podem ser negociados livremente. Essa ampliação de oferta aumenta a liquidez, afinal, a negociação com blockchain pode ser feita a qualquer hora do dia, entregando mais agilidade aos investidores. A quebra dos intermediários também facilita essa liquidez, além de reduzir os custos na aquisição e na venda dos ativos.

Maior segurança nas transações

Além da redução de burocracias, a tokenização via blockchain, por ser descentralizada e registrada em toda a cadeia, oferece mais segurança para as transações. É possível entender todo o caminho feito pelo ativo digital, 24 horas, sete dias por semana, sem depender de um agente central.

Como fazer a tokenização de um ativo?

Como vimos, a tokenização pode ser feita sem a participação de um intermediário, mas, para isso, a empresa deverá contar com uma equipe com conhecimento técnico para lidar com a tecnologia que receberá esses ativos. Os passos principais desse processo são:

• fracionamento do ativo na rede blockchain;
• criação do token;
• definição da instituição que estará vinculada ao projeto;
• definição da plataforma que será utilizada como base;
• criação de regras para as transações;
• definição da quantidade de tokens que serão emitidos e da forma como eles serão distribuídos.

Quais são os riscos da tokenização de ativos?

Os riscos relativos à tokenização de ativos são os mesmos de qualquer investimento. Antes de investir recursos ou tokenizar um ativo, é necessário estudar o mercado, o seu contexto, a performance, a especulação e a liquidez.  Por exemplo: um imóvel pode valorizar ou desvalorizar e os seus custos podem aumentar, dependendo do contexto. A aquisição de uma fração de um imóvel via token deve ser feita após a análise de toda essa realidade — incluindo a identificação do momento certo de comprar ou vender esse ativo. 

Desafios regulatórios

Sendo a tokenização — com o apoio da tecnologia — algo relativamente novo, que ganhou muita popularidade nos últimos anos, há uma série de desafios regulatórios para garantir a segurança jurídica nesse tipo de negociação de ativos, que ainda não tem regulamentação em órgãos como a CVM, Comissão de Valores Mobiliários. Esse debate precisa vir à tona, afinal, estamos falando de um processo tecnológico que demanda estrutura para garantir o crescimento econômico e a fluidez de recursos.  Esperamos que, após a leitura deste post, você tenha entendido o que é tokenização e a importância desse processo para a democratização dos investimentos. A transformação digital, a desburocratização e a facilidade para transformar ativos tangíveis em ativos digitais permitem que as empresas possam se capitalizar sem a necessidade de depender de um sistema centralizado, viabilizando o crescimento econômico e a inovação. Gostou do post? Já conhecia a tokenização e os seus impactos? Deixe o seu comentário!